sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Lufadas do pensamento...


 
Ausência
                                 "A.R..."
                                              Oziney Cruz


E esta ausência incerta me é mortal
Assim como o punhal de todas as dores,
Esta distancia forçada a erros e a receio
É tão triste como o fim dos amores.
E em ti repouso todo meu sonho oculto,
Todos os afagos que se há nesse mundo.

E tenho essa estranha sensação agora
De não lhe deixar voar para longe,
Tenho dos segundos uma saudade
Emane, de um rosto, de certo nome.
E eis que vejo-me atado a tudo que é teu,
A tudo que eu quis também ser meu...

Ao abraço envolvente que descansa só,
Ao sorriso tímido e travesso que encanta.
Ao pranto que lânguida me confidenciaste
Junto ao luar, receosa como quem ama.
E como sempre quis deste encanto envolvente
O suspiro que se tem do amor somente.

E pior do que morrer é esta despedida!
É esse sentimento mordaz de perda.
Como é doloroso entregar ás mãos do tempo
O que insistentemente chama e esbraveja.
Nunca se esqueça em teus dias que virão...
Que por ti é grande o que trago no coração.


 
A ânsia do desejo
                                               
                                            " A.R..."
                                        
                                   Oziney Cruz


Se nesse momento a ouvisse almenos!
Se no meu frio, chegasse seu calor,
Se nos lábios a morte nunca viesse
Se no beijo cego, acertar no amor.

Se no porvir, a tempestade se calasse.
Se a brisa não viesse com espinhos,
Se o momento fosse um pouco maior,
Se ventos de outrora movessem moinhos.

Se o riso não se descorasse tão rápido!
Se a sede do afã juvenil bradasse!
Se ao infinito, déssemos ouvidos,
Se por tristeza, uma rosa chorasse...

Lá no poente o sussurro bradaria!
Na alvorada_ As névoas se ergueriam
Na escuridão_ O silencio cantaria
No peito_ Sonhos brotariam.

E se zombassem de minhas palavras
E se achassem romanesco meu coração,
E se brincassem com o que sinto...
Amaria de certo mais essa sensação.

Se na alcunha fizessem meu chamado
E em carinhos rotos lançassem-me ao chão,
Se por ventura o sonho que almejo
Trouxesse-me a morte, a certa morte então...

Ao abraço adúltero eu me lançaria,
Ao clarão da ilusão fitaria a cegueira,
E em um toque... Em teus lábios
Pequena... Entregaria uma vida inteira.


                  O vate
                                   

                                         Oziney Cruz

Ser vate é ser possuidor de ti!
É ter roto os anos do coração,
Possuir segredos tão ingênuos
Criar um mundo de solidão.
Ser vate é ser a chuva bem fina
É instar doloso à bela sina.

É tanto querer inocentemente
Que a dura realidade se esquece,
É amar como ama-se a mãe
Ter dilúvios quando a alma fenece.
Ser vate é ser a branda viração
É ser o belo na pura imaginação.

Ser vate é ser austero ator...
Há de ser nestes negros dias!
É banhar-se da pureza de antes
Ao lodo convívio das almas garridas.
Ser vate é no pensamento repousar
Quando a tempestade vier acordar.

É ao sono refugiar-se para sorrir,
Ter no peito o belo impossível,
É encher-se de descrença... Sim!
Quando pela manhã é tudo invisível.
Ser vate é ser melodia saudosa
É cantar a vida e ter a alma morta.

Ser vate é ser uma doce promessa,
É ter amargo os dias no presente,
É sonhar tanto e com viril vigor!
É ter o mimo da quimera do ausente.
Ser vate é ter-te sem querer
É ter-te_ dor_ atada ao viver.




           Beijo da madrugada

                                                                Oziney Cruz

Mais uma vez se esvai a noite ébria e tardia
Por entre o assovio inescrupuloso da ventania,
E ao tétrico som das copas mortas do inverno
As árvores lamentam a beleza de um cemitério

Repleto dos mais belos momentos de outrora,
Erguido sobre o pescoço fadigado que mora
Distante em si mesmo, como a distancia das dores
Do oriente e do grito cortante da dor dos amores.

E o peregrino anda exausto, mas inda sonhador,
Pesa-lhe já as emoções, pesa-lhe já o amor.
Ei-lo na esquina acedendo um cigarro vagabundo
Com versos languidos a saltarem-lhe do mundo

Que ele traz escondido ao fundo do bolso...
Roendo-lhe por dentro com fome algum osso.
Eis um poeta! Eis um amante! Eis um louco sonhador!
Quem o dera ter na noite da solidão um amor.

Quem o dera que os passos não fossem flutuantes
Que em um abraço lhe viesse o afeto aos infantes,
Que seu pai lhe chorasse, que lhe chorassem
Os olhos amigos quando os seus adormecessem.

E se vai tardia, agora mais ébria a noite melindrosa
Envolta de neblinas dançantes da velha história
Se esvai levando consigo o pão que apodrece ali...
Que tanta falta faz a um poeta... acolá e aqui...




Durante uma manhã do dia 22...
                                                                         "A.R..." 


                                                                    Oziney Cruz
                                                                                

Eis envolto dos lábios o medo de dias idos
No confuso e inconseqüente coração,
Em Dias de névoas e de caminhos duvidosos
Em tragédias iguais à glória de uma ilusão.

Tateando se arrasta por entre a omissão
Os dedos trêmulos em mais puro desdém!
E atado ao peito na mais pura confissão
Ouve-se em pranto o nome de alguém.

Ei-la nas pálpebras a fugir para a desolação,
Ei-la na desonra na carícia bela e cruel
Dos momentos mais sutis da lamentação,
Das dores de outrora, do gosto de meu fel!

Vieste-me visitar a sombra e a lembrança
Tê-los-ei com o cálice da água em sal...
Que fugiu tão depressa, quando pela artimanha
Ao coração sem querer, cravou-lhe o punhal.

Eis me aqui! Despido de mim mesmo!
Eis as palavras nas mãos, as quais escondi,
Eis minhas verdades, joguem-nas a esmos
Se sabendo-as, algo ainda vier sentir.












   
            

11 comentários:

  1. BELÍSSIMO...MUITO MARCANTE... Distante em si mesmo, como a distancia das dores,
    Quem o dera ter na noite da solidão um amor...
    AMEI.
    .

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  2. Obrigada minha amiga!!Fico muito feliz com teu elogio.Parabéns pelo seu blog também!!!!

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  3. De grande sensibilidade. Parabéns pelos poemas e pelo blog. abçs,

    Luciah Lopez

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  4. estes poemas sao lindos,nao tem explicaçao,vc é incrível,saudades

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  5. vc é um cara especial muito romantico,parece carinhoso bjos

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  6. Obrigado minha cara Lucimere, por estar aqui novamente. Fico muito grato e agradeço pelo seu apoio.
    Muto obrigado mesmo e não deixe de visitar e dar sugestões. Preciso de voces!
    Muito obrigado!

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  7. Obrigado ao Anonimo! rsrs pelas palavras, mas gostaria de saber de quem se trata! rsrsr

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  8. olá meu amigo,bom demais poder te seguir no blog,sucesso sempre.abraços

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  9. Minha Cara Vera muito obrigado! Já estou seguindo seu blog e como diz uma amiga minha: "que coisa fofa" o seu blog rsrs. Grande abraço e parabéns!!!!!

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