segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Primavera

                       Ao seu lado                                               
                                               "A.R..."             
                                                
                                                        Oziney Cruz

Ata-me aos teus anseios e à graça de tua esperança
Para que das paredes do mistério, ouça-se um riso.
Ata-me com fervor ao doce infinito da lembrança
Que trago cravado no dia em que vi o teu sorriso.

Ata-me ao coração que é mais belo que a aurora!
Pois são orvalhos tímidos os que lá bradejam...
São doces sussurros dessa paixão de ontem e agora
São cândidas fragrâncias que aos meus sonhos beijam.

Ah! Se soubesse como te sonho em cada instante
Como te vivo em cada soprar da brisa da primavera,
Que receosa inda traz o beijo do inverno delirante...

E temo! Temo muito que um dia se vá este encanto
Assim como os sorrisos daquela que foi minha infância,
Assim como pela sina o amor dormitar com o pranto.
        
                
             Absentia 
                                               A. R...
                                            
                                           Oziney Cruz
Como são sem viço e sem vida esses dias
Em que tua ausência se espalha em tudo,
Como é cruel essa dor pungente no peito,
A dor que condena o sonho neste mundo.

Em que horas me acharei mais calado
Senão no vazio túrbido desses instantes,
Em que meus olhos te procuram onde
A vi em riso, apenas nos sonhos delirantes.

Em que pensas, quando a lua vem-lhe visitar
Pela janela do quarto, deitada no leito?
Em quem pensas cândida musa, em quem
Pensarás, aos 15 de Maio, dentro do peito?...

Acharás de certo nesta outra terra, distante,
O poeta a lhe rogar o riso para viver,
Acharás antes, a face lânguida que transluz
A saudade de tudo, que é saudade de você!

Ah! Dias que vão-se sem sombra, sem forças!
Dias, que lamentam, que pranteiam a sós.
Dias de infortúnio sem melodias, sem fulgor!
Ah! Dias ausentes, sem você, sem eu, sem nós.

Como são mudos e sozinhos os instantes
Em que a falta de tua voz se alastra cada vez mais,
E as nuvens se acinzentam á brisa fria da tardinha
Onde sem consolo, me estendo então aos meus ais.

O que me resta agora, sina de meus martírios
Se o consolo é tão somente ainda a esperança?

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Lufadas do pensamento...


 
Ausência
                                 "A.R..."
                                              Oziney Cruz


E esta ausência incerta me é mortal
Assim como o punhal de todas as dores,
Esta distancia forçada a erros e a receio
É tão triste como o fim dos amores.
E em ti repouso todo meu sonho oculto,
Todos os afagos que se há nesse mundo.

E tenho essa estranha sensação agora
De não lhe deixar voar para longe,
Tenho dos segundos uma saudade
Emane, de um rosto, de certo nome.
E eis que vejo-me atado a tudo que é teu,
A tudo que eu quis também ser meu...

Ao abraço envolvente que descansa só,
Ao sorriso tímido e travesso que encanta.
Ao pranto que lânguida me confidenciaste
Junto ao luar, receosa como quem ama.
E como sempre quis deste encanto envolvente
O suspiro que se tem do amor somente.

E pior do que morrer é esta despedida!
É esse sentimento mordaz de perda.
Como é doloroso entregar ás mãos do tempo
O que insistentemente chama e esbraveja.
Nunca se esqueça em teus dias que virão...
Que por ti é grande o que trago no coração.


 
A ânsia do desejo
                                               
                                            " A.R..."
                                        
                                   Oziney Cruz


Se nesse momento a ouvisse almenos!
Se no meu frio, chegasse seu calor,
Se nos lábios a morte nunca viesse
Se no beijo cego, acertar no amor.

Se no porvir, a tempestade se calasse.
Se a brisa não viesse com espinhos,
Se o momento fosse um pouco maior,
Se ventos de outrora movessem moinhos.

Se o riso não se descorasse tão rápido!
Se a sede do afã juvenil bradasse!
Se ao infinito, déssemos ouvidos,
Se por tristeza, uma rosa chorasse...

Lá no poente o sussurro bradaria!
Na alvorada_ As névoas se ergueriam
Na escuridão_ O silencio cantaria
No peito_ Sonhos brotariam.

E se zombassem de minhas palavras
E se achassem romanesco meu coração,
E se brincassem com o que sinto...
Amaria de certo mais essa sensação.

Se na alcunha fizessem meu chamado
E em carinhos rotos lançassem-me ao chão,
Se por ventura o sonho que almejo
Trouxesse-me a morte, a certa morte então...

Ao abraço adúltero eu me lançaria,
Ao clarão da ilusão fitaria a cegueira,
E em um toque... Em teus lábios
Pequena... Entregaria uma vida inteira.


                  O vate
                                   

                                         Oziney Cruz

Ser vate é ser possuidor de ti!
É ter roto os anos do coração,
Possuir segredos tão ingênuos
Criar um mundo de solidão.
Ser vate é ser a chuva bem fina
É instar doloso à bela sina.

É tanto querer inocentemente
Que a dura realidade se esquece,
É amar como ama-se a mãe
Ter dilúvios quando a alma fenece.
Ser vate é ser a branda viração
É ser o belo na pura imaginação.

Ser vate é ser austero ator...
Há de ser nestes negros dias!
É banhar-se da pureza de antes
Ao lodo convívio das almas garridas.
Ser vate é no pensamento repousar
Quando a tempestade vier acordar.

É ao sono refugiar-se para sorrir,
Ter no peito o belo impossível,
É encher-se de descrença... Sim!
Quando pela manhã é tudo invisível.
Ser vate é ser melodia saudosa
É cantar a vida e ter a alma morta.

Ser vate é ser uma doce promessa,
É ter amargo os dias no presente,
É sonhar tanto e com viril vigor!
É ter o mimo da quimera do ausente.
Ser vate é ter-te sem querer
É ter-te_ dor_ atada ao viver.




           Beijo da madrugada

                                                                Oziney Cruz

Mais uma vez se esvai a noite ébria e tardia
Por entre o assovio inescrupuloso da ventania,
E ao tétrico som das copas mortas do inverno
As árvores lamentam a beleza de um cemitério

Repleto dos mais belos momentos de outrora,
Erguido sobre o pescoço fadigado que mora
Distante em si mesmo, como a distancia das dores
Do oriente e do grito cortante da dor dos amores.

E o peregrino anda exausto, mas inda sonhador,
Pesa-lhe já as emoções, pesa-lhe já o amor.
Ei-lo na esquina acedendo um cigarro vagabundo
Com versos languidos a saltarem-lhe do mundo

Que ele traz escondido ao fundo do bolso...
Roendo-lhe por dentro com fome algum osso.
Eis um poeta! Eis um amante! Eis um louco sonhador!
Quem o dera ter na noite da solidão um amor.

Quem o dera que os passos não fossem flutuantes
Que em um abraço lhe viesse o afeto aos infantes,
Que seu pai lhe chorasse, que lhe chorassem
Os olhos amigos quando os seus adormecessem.

E se vai tardia, agora mais ébria a noite melindrosa
Envolta de neblinas dançantes da velha história
Se esvai levando consigo o pão que apodrece ali...
Que tanta falta faz a um poeta... acolá e aqui...




Durante uma manhã do dia 22...
                                                                         "A.R..." 


                                                                    Oziney Cruz
                                                                                

Eis envolto dos lábios o medo de dias idos
No confuso e inconseqüente coração,
Em Dias de névoas e de caminhos duvidosos
Em tragédias iguais à glória de uma ilusão.

Tateando se arrasta por entre a omissão
Os dedos trêmulos em mais puro desdém!
E atado ao peito na mais pura confissão
Ouve-se em pranto o nome de alguém.

Ei-la nas pálpebras a fugir para a desolação,
Ei-la na desonra na carícia bela e cruel
Dos momentos mais sutis da lamentação,
Das dores de outrora, do gosto de meu fel!

Vieste-me visitar a sombra e a lembrança
Tê-los-ei com o cálice da água em sal...
Que fugiu tão depressa, quando pela artimanha
Ao coração sem querer, cravou-lhe o punhal.

Eis me aqui! Despido de mim mesmo!
Eis as palavras nas mãos, as quais escondi,
Eis minhas verdades, joguem-nas a esmos
Se sabendo-as, algo ainda vier sentir.












   
            

Poemas sociais

             Entusiasmo 
                                                               Oziney Cruz

Eis o fim do caminho bradando á porta!
Com seu gesto inescrupuloso de ternura.
Debalde com a dúvida como realidade
Pela nevoenta e confusa vida na fissura
                     Da verdade...

Atado pela mesma força, mesmo grilhão,
Mesmo medo, mesmo vazio de sentimento
Estão á noite vagabunda de estrelas caídas
Os nomes crestados no estéril conhecimento
                     De suas vidas...

Largadas ao desânimo vil das poltronas...
Ao leito de ouro feito de risos amarelados,
Embriagando-se da mentira escarrada
Alimentando-se do eco de surdos brados
                    Pela vã estrada...

Eis o tempo de nosso tempo morrendo!
Eis a indiferença pela praça a formigar,
Eis a fome mais ridícula de toda a riqueza
Do rei de cada dia, da súbita dor de sangrar
                   Pela fugaz beleza...

De tudo aquilo que nos foi emprestado,
De tudo aquilo que irá se denegrir,
Que por entre os dedos da morte luxuosa
Virá por outro nome e trará sede de rir,
                 De toda essa glória!
                   
 
      Tempos modernos 
                                                            Oziney Cruz

Ah! Tempos modernos de eletrônica certeza
Até onde vais com tua cobiça venenosa?...
Irás ter com as armas ou com a pouca gentileza
Que resta-lhe escondida camuflada na prosa?

Onde estará o encanto da aurora e do crepúsculo?
E das brisas que erguem o aroma de nosso verde?
O céu todo estrelado e dos gritos o alígero pulo!
A beleza de um, uni-se ao cantor de um flerte.

Navegas por redes longícuas de conhecimento
Com o mundo todo bem perto das mãos e olhos!
Mas conheces o afago mimoso de um vento
Ou das águas de um rio? Ou apenas os corvos?...

Ah! Que desejo de ter visto os tempos idos...
Onde havia-se nos Homens vida e não esta farsa!
Não havia tanta velocidade nem tantos ruídos
Mas em tudo usava-se a imaginação e a graça.

E as crianças que encenam esta vital comédia
Com qual idade descobrem as tentações?
Onde será que aprendem esta lição etérea...
Que de sublime faz virar-se em maldiçoes?

E o que oferece-nos esta evolução sem tino?
Quantas novas formas de morrer inventarão?
E quem irá comandar os povos a pino?
Espero que não tenha um “chip” no coração...



           O poeta... 
                                                        Oziney CRuz


Tenho por riqueza o meu canto e meus versos,
Não cobre-me o corpo ricas vestes formosas,
Nem passeios garbosos tenho de costume
Tenho no peito mil canções amorosas.

Tenho a noite como inspiração popular
E o leito para férteis sonhos idealizados,
Nua e pronta a servir-me, tenho a imaginação
Dia a dia borbulhante sem espaços vagos.

As nuvens cobrem-me nas andanças
E no peito tenho uma caverna sufocante,
Admiro o céu e a natureza de belas artes
E tenho sempre o dia e a noite incessante.

Mora em mim a paixão de dias já vividos
Ocultos na timidez da mocidade de outrora,
Já não durmo em cama todos os dias
E hoje muito preocupo-me com a hora.

Não possuo formosura, sou magro e estranho,
Mas não há beleza que ao caráter seja suplente!
Porque quem tanto vive no frio da carência,
Espanta-se ao calor de um afeto quando o sente.

Tenho por castelo a alcova que está distante,
Tenho por orgulho, respirar o ar da pátria,
Tenho no peito sentimentos de mil variedades,
Tenho na vida e no amor uma chama solitária.

Na vida boa estatura e bom coração pude ter,
De nenhuma profissão venturosa apoderei-me,
Amei e fui amado em uma terra em desespero
Na qual escolhi as sementes erradas que plantei.

Mas, contudo, tenho o mais rico dos tesouros:
O amor divino que não vê-se na riqueza!
E quem possuir tal sublime sentimento,
Não vivera dos homens a terrível pobreza.


     Onda popular... 
                               A Salinas MG
                                                        
                                                       Oziney Cruz

Ouço as vozes afora de minha casa
Que tanto dizem sem dizer nada...
Gritam umas! Outras baixas sussurram!
Passeiam sobre as calçadas pés quais queres
E levam consigo moças e moleques
E novos e velhos que entre si lutam.

As ruas em clarão nas peripécias se vão
Ricos e pobres, feios e belos cá estão!
Trazem na face mil sorrisos mentirosos,
No céu os astros luminosos os presenteiam
Mas não vêem e simplesmente rejeitam
O belo passeio dos corpos celestes garbosos.

Quem os dirá por ventura sé é certo ou não?
O ancião que do repouso hoje não abre mão?
Ou o jovem que pranteia a sós no leito?
Ambos em outros tempos cá viviam...
No silêncio de uns jaz o alvoroço que tinham
E quando tardas o sono... Usam de outro meio.

Já ouve-se a agitada vida desde mui cedo!
Pernas que vem, pernas que vão sem medo,
Os segui outrora e agora nada restou...
Mas já acostumei-me com a ausência de tudo
Nem sei se restará ao menos um fruto...
Quando nem mesmo sei o que ficou...

Na praça rugem os gritos e aplausos...
Mas não é pelo chão que pisam__ os brados,
Nem por descontentamento algum...
Apenas aglomeram-se e fazem dos ideais
Peça de museu sem serventia jamais
Em um tempo sem mérito nenhum.

Sou de ti filho adotivo há tempos
E cresci-me aqui com a face aos ventos,
Hoje moldou-se em mim um pensamento:
Não quero desta falsa vida pertencer!
Nem da hipocrisia mérito algum merecer
Quero apenas ter-te com puro sentimento.





terça-feira, 12 de abril de 2011

Antologia poética!

Atenção amigos! Já estou com os exemplares da antologia poética "Faces contemporâneas da poesia brasileira", editada pela editora Catrumano e organizada pelo poeta e amigo Jurandir Barbosa, na qual participo. Vale a pena conferir este ótimo trabalho que conta ainda com poetas de todo o Brasil. Aos interessados, podem estar entrando em contato para adiquirirem o seu exemplar que custará 20,00 reais já com o frete incluso.( para Guanambi, o preço sairá 10,00 reais ( por não ter frete).

Oziney Cruz.
Tel: (77) 91266520 ou (77) 34523753
e-mails: ferreiradacruzoziney@yahoo.com.br ou antigosencantos@hotmail.com

                                   Ler é fundamental!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Oziney no painel de Poesia Juca Silva Neto

Pessoal, esta foi uma matéria publicada pelo jornal Gazeta Norte Mineira
Na cidade de Montes Claros MG, em ocasião da exposição de meus poemas no painel de poesia "Juca Silva Neto" na biblioteca municipal da mesma cidade. Gostaria de compartilhar com voces amigos e leitores essa informação.